O futebol feminino, apesar de certa notoriedade atual, nem sempre esteve nos holofotes. Embora ainda tenha um longo caminho para percorrer, esse esporte vem ganhando cada vez mais adeptos, tanto para quem assiste quanto para quem joga.
Hoje, nesse artigo, vamos acompanhar um pouco mais sobre a história desse esporte em nosso país, as dificuldades atuais e um pouco sobre o que o futuro reserva para o maravilhoso futebol feminino.
A origem do futebol feminino no Brasil
Talvez os mais jovens não saibam, mas nem sempre as mulheres puderam praticar livremente certos tipos de esportes no Brasil. E com o futebol feminino não foi diferente.
Enquanto o futebol era massivamente praticado pelos homens, às mulheres eram impostas regras que as proibiam de praticar esse esporte tão amado mundialmente.
No Brasil, para se ter uma ideia, há indícios que a versão feminina desse esporte começou a ser praticada em 1913, com as mulheres participando de eventos beneficentes e jogando alguns amistosos. Naquela época, grande parte da população não via essa prática com bons olhos, gerando, então, preconceitos e proibições por parte do governo.
Para ser mais preciso, no ano de 1941, em meio a tanta politicagem, foi lançado um decreto de lei que proibia as mulheres de praticar qualquer tipo de esporte que fosse incompatível com sua “natureza”. E implicitamente o futebol se enquadrava nesses quesitos.
Essa proibição durou até o fim da ditadura militar, quando assim foi revogada no ano de 1979. E embora a proibição tenha sido suspensa, as dificuldades estavam apenas começando.
As dificuldades do esporte
Como se pode ver, as dificuldades desse esporte em nosso país sempre foram enormes. Desde proibições a preconceitos, o futebol feminino passou por diversos momentos marcantes.
Não havia muito interesse dos clubes de futebol nem das federações esportivas em investir nessa categoria após a revogação da lei de proibição da prática do esporte por mulheres.
Embora fosse permitido que se criasse ligas e equipes oficiais de futebol feminino, a modalidade passou por uns bons anos sem grande notoriedade, até mesmo pela falta de interesse em investimento e ainda pelo preconceito de alguns que diziam que “futebol feminino era ruim”.
Apenas em 1983 os primeiros clubes brasileiros da modalidade começaram a surgir com a implementação de calendários e competições oficializadas.
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Depois de alguns anos, a visibilidade começa a surgir
Os rumos do futebol feminino começam a mudar no fim da década de 1980. A FIFA, entidade máxima do futebol, realizou em 1988 um primeiro torneio de seleções, de forma experimental.
Em 1991, foi realizada na China a primeira Copa do Mundo de Futebol Feminino. O título ficou com a seleção dos Estados Unidos e o Brasil, apesar da grande dificuldade, ficou em nono lugar.
Falamos em dificuldade nessa época porque como não havia muitos clubes oficiais e nem muitas competições, formar uma seleção brasileira de futebol feminino se tornou muito difícil.
No Brasil, nossa seleção começou a ter mais visibilidade a partir de 1999 após grandes participações e excelentes colocações nas disputas de Copas do Mundo e Olimpíadas, posteriormente.
Nesse período, a nossa maior jogadora de futebol surgiu e hoje dispensa apresentações. Marta ganhou o mundo jogando futebol feminino. Premiada diversas e diversas vezes, ela inspirou inúmeras outras meninas e remodelou o jeito de olhar a modalidade pelo povo brasileiro.

Notoriedade e reconhecimento
De uns anos para cá, o esporte ganhou ainda mais notoriedade. Transmissões televisivas são feitas e todos os clubes da série A do futebol brasileiro masculino precisam ter sua equipe feminina, o que traz ainda mais possibilidades para as mulheres que praticam o esporte.
O divisor de águas do futebol feminino foi a Copa do Mundo de 2019. Esse evento veio para mostrar que pode existir sim investimento e que a modalidade também é lucrativa tanto quanto a versão masculina. Nesse ano, o evento foi um sucesso de aceitação. Altos públicos nos jogos e grandes patrocinadores.
Pode-se dizer, então, que o futuro reserva um grande momento para a categoria. O futebol feminino, antes visto como um esporte apenas para homens, tende a ganhar mais e mais espaço mundialmente. Grandes ligas internacionais sendo disputadas mundo a fora bem como ligas nacionais, o que introduz cada vez mais o esporte no âmbito popular.
É certo que quando se trata de mulheres, dificuldades sempre vão existir. Mas é fato também que as primeiras barreiras vêm sendo quebradas e se espera que daqui a alguns anos, quem sabe, o futebol feminino chegue próximo ao patamar do que é a modalidade masculina.

